Depois de uma semana de viagem, nos despedimos do Yucatán e seguimos em avião para a Cidade do México, onde passaríamos o restante da viagem. A gigante de 22 Milhões de habitantes assusta na chegada, mas logo se mostra muito mais humana do que outras grandes cidades onde já estive. O povo é acolhedor e as principais atrações ficam concentradas no centro e no Paseo de la Reforma, onde decidimos nos hospedar.
Começamos nossa visita pelo centro histórico, um formigueiro humano repleto de interessantes museus e resquícios da colonização brutal Espanhola, que procurou varrer do mapa a grande cidade Asteca que ali existiu até o século XVI. O Zócalo, ou Praça Central, é o ponto de partida para desbravar o centro. Começamos pela enorme catedral Espanhola que hoje luta para não afundar no solo instável onde foi construída. Dentro da catedral é assustadora a sensação de que o prédio, nitidamente torto, pode desabar a qualquer momento. Esforços para sustentar essa construção ganharam força nos últimos anos, assim como o esforço de restauração do que sobrou na gigante pirâmide Asteca, destruída na invasão Espanhola. O museu da pirâmide é um dos melhores da cidade e tem um rico acervo de tesouros encontrados no local. As fundações do templo foram descobertas no final do século XIX e hoje fazem parte da visita. Entre os interessantes museus e a experiência antropológica das ruas lotadas do centro da cidade, paramos para fazer a melhor refeição da viagem no restaurante El Cardenal. Aqui se pode provar um pouco da rica culinária Mexicana com influencia do caldeirão cultural de tribos que ocupam o México a milhares de anos. Dos tacos de camarão ao cordeiro assado, tudo estava delicioso. Os mais aventureiros podem provar aqui os tradicionais Escamoles – larva de formiga.
Longe da confusão do centro, passamos o restante dos dias explorando os bairros mais residenciais, cada um com sua identidade. A Zona Rosa concentra a comunidade gay e uma colônia koreana com bons restaurantes e muitos antiquários. Polanco é o reduto comercial dos mais ricos, e tem um ótimo polo gastronômico com restaurantes com mesas na calçada. Em Condesa fica o principal centro boêmio da cidade com ruas repletas de bares e vida noturna.
Entre todos os bairros o que mais gostamos foi um dos mais distantes: Coyoacán ou terra dos coiotes, no antigo idioma local. Antes uma cidade distante do centro, foi em Coyoacán que Cortez fixou residência com o exército Espanhol e partiu para a conquista total da região e a destruição da cidade Asteca. Hoje um distrito da capital, a sensação em Coyoacán é de não estar na Cidade do México. Suas ruas tranquilas com casarões coloniais guardam atrações fascinantes como a casa da artista Frida Kahlo, e a casa onde o revolucionário russo Trotsky viveu os últimos anos de sua vida. Passar um dia em Coyoacán é revigorante. O mercado municipal do bairro oferece uma variedade de comidas típicas com acesso fácil e amigável a visitantes estrangeiros. Experimente os montaditos de ceviche e os tacos preparados na hora, acompanhados de sucos naturais ou água de Jamaica – um chá gelado a base de flor de Jamaica.
Para coroar a viagem nos faltava conhecer as ruinas de Teochiuacan, a antiga cidade construída antes do período Maia e Asteca. Recomendo visitar antes o maravilhoso Museu de Antropologia da Cidade do México com uma exposição fascinante sobre todos os povos que habitaram e ainda vivem no país. No museu estão os principais tesouros encontrados em Teochiuacan, e visitar a cidade após conhecer mais sobre sua intrigante historia torna a experiência ainda mais rica. Localizada a 40 minutos da Cidade do México, Teochiuacan está quase sendo engolida pela metrópole. Entre as opções que tínhamos para fazer a visita decidimos inovar e fechamos um voo de balão sobre as ruinas nas primeiras horas da manhã. O passeio, além de uma experiência única, é muito bem organizado pela empresa Fly Volare, e a única exigência inconveniente é estar pronto para partir às cinco e meia da manhã no lobby do hotel. No ar cerca de dez balões com as pirâmides de fundo formam um espetáculo a parte. Para completar, como o voo é feito antes do parque abrir suas portas aos turistas, as ruínas ainda estão vazias. Com rasantes sobre as enormes pirâmides, do alto se pode ter uma visão única do tamanho e complexidade daquela antiga cidade. Como fizemos o voo no feriado de Dia de Reis, muito comemorado pelos Mexicanos, o balão foi carregado com brinquedos que distribuímos às crianças no pouso feito no terreno de um casebre do vilarejo. A experiência terminou com um brinde de champanhe e a tradicional rosca de reis, repartida por todos como manda a tradição mexicana. Brindamos às nossas duas semanas maravilhosas no México e aos planos de uma próxima viagem, dessa vez para a costa do pacífico e para o sul desse fascinante país.
Por Fernando Russo